"Últimas semanas cavaram divórcio enorme entre os partidos e os cidadãos"
- 16/03/2025
O candidato presidencial Luís Marques Mendes considerou, este domingo, que as "últimas semanas cavaram um divórcio enorme entre os partidos e os cidadãos", apelando para que "mudem de vida" durante a campanha para as eleições legislativas antecipadas.
Esta posição foi partilhada pelo também antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) numa altura em que se falava de apoios partidários a candidatos presidenciais.
"A questão que se coloca aqui é outra, não é ter apoios partidários, é saber se os partidos estão em boa forma ou em má forma. Se fizerem uma boa campanha pela positiva, melhoram a forma", começou por dizer o candidato a Belém, em declarações aos jornalistas à margem do Encontro Nacional da Imprensa Local e Regional Impressa e Digital, em Braga.
"Estas últimas semanas cavaram um divórcio enorme entre os partidos e os cidadãos", considerou, admitindo estar "preocupado com a qualidade da Democracia".
Para Marques Mendes, as últimas semanas foram também "um desastre" e apontou que há "culpa para todos" na crise que levou à queda do Governo e à marcação de eleições antecipadas. "Um desastre para a política, um desastre para os partidos, um desastre para os governos, um desastre para as oposições, um desastre para a Democracia. Se os partidos não percebem isto, não estão a perceber nada do que está a acontecer", frisou.
"Se continuarem a campanha eleitoral a tratar de casos em vez de causas, em ataque pessoais em vez de debate de ideias, então a situação só vai agravar-se", continuou.
Desta forma, Marques Mendes deixou um apelo: "O apelo que eu faço é para que mudem de vida. É preciso mudar de vida".
Interrogado sobre se teria apresentado a sua candidatura presidencial tão cedo, sabendo que o país vai ter legislativas antecipadas, Marques Mendes destacou que em causa esteve uma questão de "coerência".
"Apresentei a candidatura na altura em que apresentei por uma questão de coerência", disse, referindo que não podia continuar a fazer comentário político com uma agenda própria.
"Se eu tinha uma decisão já tomada na minha cabeça, não podia andar a fazer de ficção, porque isso aí é uma fraude e não seria correto com as pessoas", reforçou.
"Quem concorre à presidência da República é um político"
Antes, Marques Mendes tinha sido questionado se os candidatos presidenciais que concorrerem à margem dos partidos poderão beneficiar do descontentamento dos portugueses. Apesar de admitir ter dúvidas, lembrou que Mário Soares, Jorge Sampaio, Aníbal Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa "foram todos eleitos e todos com apoios partidários".
"Não sei se vai ser um benefício [concorrer sem o apoio de partidos]. Os partidos fazem parte da Democracia, não há Democracia sem partidos", defendeu, apontando ainda que a Presidência da República "é o órgão mais político de todos".
"O que significa que quem concorre à presidência da República é um político", rematou.
[Notícia atualizada às 15h48]
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