Pastagens regeneradas demoram 75 anos a recuperar a biodiversidade
- 15/03/2025
A descoberta sublinha a importância de preservar as pastagens antigas como reservatórios de biodiversidade, mesmo que sejam utilizadas como pistas de esqui, noticiou na sexta-feira a agência Europa Press.
As pastagens de todo o mundo estão a desaparecer rapidamente devido à conversão e ao abandono do uso da terra, resultando numa perda bem documentada de biodiversidade.
Restaurar as pastagens abandonadas através da remoção da vegetação lenhosa e da retoma das práticas tradicionais de gestão da terra tem efeitos positivos na biodiversidade.
No entanto, também se sabe que esta diversidade é inferior à das pastagens antigas que estão sob gestão contínua há vários milénios.
O ecologista Ushimaru Atushi, da Universidade de Kobe, sublinhou em comunicado que "as razões para isto não são totalmente claras, e não foi proposta nenhuma solução satisfatória".
Depois de um estudo recente ter mostrado que as espécies de plantas polinizadas por insetos demoram mais tempo a recuperar do que as polinizadas pelo vento, Ushimaru e o seu estudante de doutoramento Hirayama Gaku decidiram concentrar-se nos próprios polinizadores.
Ao observarem que insetos polinizam as plantas e com que sucesso o fazem em pastagens de diferentes idades, desde as recentemente recuperadas até às geridas continuamente durante pelo menos 300 anos, escolheram as pistas de esqui da Prefeitura de Nagano como local de estudo.
"Não há melhor lugar para estudar pastagens restauradas com durações de manipulação muito diferentes numa área relativamente pequena do que as pistas de esqui", explicou Hirayama.
Os seus resultados, publicados no Journal of Applied Ecology, apresentaram um quadro consistente. Serão necessários 75 anos de gestão contínua para que a diversidade de plantas nas pastagens restauradas atinja níveis comparáveis aos das pastagens antigas.
No entanto, isto ainda não é suficiente para a comunidade de polinizadores.
Mesmo após 75 anos, os polinizadores continuam a ser menos especializados e menos bem-sucedidos na polinização das plantas, embora a comunidade evolua continuamente para uma maior especialização e polinização bem-sucedida à medida que as pastagens envelhecem.
"A descoberta demonstra que, uma vez perdidas valiosas pastagens antigas, a sua restauração não pode ser alcançada rapidamente", alertou Hirayama.
O que está a causar este atraso não é a menor diversidade de polinizadores em si, mas a identidade dos polinizadores.
Os campos recentemente restaurados são visitados principalmente por moscas e moscas-das-flores, que são generalistas e, por isso, transportam frequentemente pólen de uma planta para flores de espécies diferentes.
Nas pastagens antigas, por outro lado, os polinizadores são em grande parte abelhas e borboletas que se especializam numa espécie de cada vez, garantindo que o pólen é transferido para a espécie vegetal correta.
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