Filho doa espólio desportivo de Pinto da Costa ao FC Porto
- 18/03/2025
O espólio desportivo herdado pelo filho de Jorge Nuno Pinto da Costa, ex-presidente do FC Porto, que morreu em fevereiro, aos 87 anos, será doado sem contrapartidas ao FC Porto, disse, esta segunda-feira, Alexandre Pinto da Costa.
"A parte do seu museu pessoal que me será legitimamente entregue será doado por mim graciosamente ao FC Porto, sem haver qualquer interesse financeiro ou renda futura em troca. É a minha vontade e tenho a certeza de que ele ficaria contente com esta atitude", revelou o empresário, numa gala realizada pelo jornal O Gaiense, em Vila Nova de Gaia.
Assumindo-se como "herdeiro legítimo de parte do património", Alexandre Pinto da Costa recordou que o pai tinha um "museu fabuloso" em casa, onde "guardava religiosamente todo e qualquer objeto que lhe foi oferecido" em 42 anos de presidência, de 1982 a 2024.
"É totalmente falso e mentira que eu ou algum dos meus representantes legais estivesse ou estará a negociar com o FC Porto o nome do meu pai para atribuir ao museu do clube o espólio desportivo que ele tinha, com a finalidade de obter 'royalties', rendas, verbas ou proveitos. Nunca ninguém poderia falar de algo que não é a minha vontade", prosseguiu.
Alexandre Pinto da Costa garantiu que "o dinheiro e os bens materiais nunca o moveram" no apoio prestado como filho a Jorge Nuno Pinto da Costa "nas alturas em que ele mais precisou", bem como nos "desacordos" mantidos com o antigo presidente 'azul e branco'.
"Quando o alertei para os perigos que correria pelas escolhas erradas e por estar tão mal acompanhado nos últimos anos de mandatos, afastei-me de livre vontade do presidente, mas não do meu pai, porque desse estive sempre presente quando de mim necessitava. Afastei-me anos a fio de toda e qualquer atividade desportiva e social do clube. Fi-lo com a intenção de evitar aquilo que, infelizmente, o tempo me veio a dar razão e para que não saísse do modo como saiu de uma instituição pela qual tudo deu e tanto amava", evocou.
O filho de Pinto da Costa ficou orgulhoso pelo tributo do jornal O Gaiense ao pai, que foi o dirigente mais antigo e titulado no futebol mundial e morreu há um mês, vítima de cancro.
"A ovação estrondosa que ele recebeu no Estádio do Dragão após a derrota nas eleições, tal como as cerimónias fúnebres de uma dimensão ímpar, apenas comprovam o amor, o reconhecimento e a gratidão de todos por quem tanto fez pelo clube, mas que não teve a aprovação da maioria [dos sócios votantes], que até viu nos pares que o acompanhavam características que não me atrevo aqui a adjetivar. Quem ama de verdade alerta para o precipício e não salta de mãos dadas com a sua paixão para lá. Foi o que eu fiz", vincou.
O antigo presidente do FC Porto tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas semanas prévias à sua morte, menos de um ano depois da derrota face a André Villas-Boas nas eleições dos 'dragões'.
"O meu pai, por todos de uma forma unânime, foi sempre reconhecido como o presidente dos presidentes, porque o era de facto. A sua memória, o seu raciocínio brilhante, a sua astúcia e a sua capacidade de trabalho, mas, sobretudo, o amor ao futebol no geral, e ao FC Porto em particular, serão lembrados para sempre. Que me perdoem todos os outros presidentes com os quais eu trabalhei, mas nunca conheci um com aquelas capacidades. Jamais haverá outro como ele", finalizou Alexandre Pinto da Costa, com alguma emoção.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito sem oposição como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.
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