Eslováquia vai usar poder de veto contra Kyiv após corte de gás russo
- 09/01/2025
"Tenho de ter em conta que existe um direito de veto, que em situações de necessidade poderia logicamente utilizar", frisou Robert Fico, após uma reunião em Bruxelas com o comissário da União Europeia (UE) para a Energia e Habitação, Dan Jorgensen, para avaliar o impacto do corte da passagem de gás russo pela Ucrânia.
Na UE, as decisões sobre a política externa e de segurança comum, bem como a aprovação da adesão de novos Estados e a política orçamental e fiscal, entre outras, estão sujeitas a unanimidade.
"Se a Ucrânia estender a mão para pedir dinheiro, milhares de milhões de euros da UE, alguns políticos podem dizer que não", frisou Fico, argumentando que a Ucrânia poderia ganhar 800 milhões de euros em taxas de trânsito se mantivesse o gasoduto Druzhba aberto, o que se recusou a fazer desde 01 de janeiro.
Após a reunião com Jorgensen, Fico reiterou que o aumento dos preços do gás em resultado da interrupção do tráfego significa uma perda de competitividade para a indústria europeia.
"O custo de um megawatt-hora nos EUA é inferior a 10 euros, e na Europa pagamos 50 euros por megawatt-hora", lembrou o chefe do Governo eslovaco.
Fico falou de outras medidas recíprocas contra a Ucrânia, como a retirada parcial ou total da ajuda aos 127.000 refugiados daquele país que fugiram da guerra para a Eslováquia.
Reconheceu, no entanto, que tal medida exige um árduo processo legislativo.
Numa declaração conjunta publicada após a reunião, Bratislava e Bruxelas anunciaram a criação de um "grupo de trabalho de alto nível" para "acompanhar e identificar opções com base em análises conjuntas da situação e ver como a UE pode ajudar".
Jorgensen destacou, por sua vez, que entende as preocupações da Eslováquia relacionadas com as "receitas de trânsito [de gás]" e garantiu que ambas as partes "continuarão a discutir estas questões cuidadosamente".
O comissário lembrou que as discussões terão sempre em linha com o compromisso do bloco de "acabar com todas as importações de energia da Rússia o mais rapidamente possível".
O dinamarquês reiterou também que "não existem riscos para a segurança do abastecimento da UE" devido à cessação do contrato de passagem de gás russo pela Ucrânia: "Graças também ao facto de nos estarmos a preparar para isto há mais de um ano com os Estados-membros mais afetados".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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